domingo, 29 de julho de 2012

Cabelo Rosa no verão da Santa Lolla

A norte-americana Charlotte Free foi a escolhida para representar o verão 2012/13 da Santa Lolla. A marca queria passar uma imagem com “pegada rocker” e, para isso, chamou a modelo famosa pelo cabelo rosa. Nas temporadas passadas, Santa Lolla também escolheu a top badalada do momento para os cliques. Foram Sasha Pivovarova e Freja Beha.
Os cabelos da modelo contrastaram com as cores fortes da coleção, como amarelo, laranja e azul, mas também complementou os tons pastel. Outros modelos, ainda, exibem brilhos ou estampas.
As fotos foram feitas por Henrique Gendre com direção criativa de Luis Fiod.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Moda autoral gerando lucro

A briga entre cópia e inspiração é um tema que sempre gera discussões na moda. Polêmicas à parte, nos últimos anos o Brasil vem alcançando um patamar autoral mais visível, e que tem chamado atenção, inclusive, do circuito internacional. Mas como valorizar o que é nosso, sem fugir do mainstream para criar o desejo de compra? É isso o que especialistas discutem a seguir. Se hoje o Brasil pode ser entendido como um país que avança na criação autoral, há alguns anos essa realidade estava bem distante. “As referências externas tinham duas razões: a falta de um calendário de lançamentos brasileiro e a restrita quantidade de estilistas e marcas que atuavam no mercado de moda autoral. Isso provocava a repetição de elementos apresentados nas coleções internacionais da estação passada, e menos concorrência criativa em um mercado dividido por menos players”, explica Maurício Medeiros, consultor de estratégia e inovação da Abest (Associação Brasileira de Estilistas). A definição de um calendário nacional e a grande concorrência entre novos estilistas podem ser entendidos como fatores que provocaram, e ainda provocam, o amadurecimento da moda do país. A grande questão, no entanto, é como se inspirar e ter uma essência brasileira, sem criar uma cópia do que é vendido lá fora. Porque, afinal, não dá para ignorar os hits internacionais. Ainda mais em tempos de internet, quando as informações sobre o que é objeto de desejo ficam muito mais evidentes. “Hoje viajamos mais, estamos cientes dos acontecimentos do mundo no mesmo instante em que eles acontecem. Não há como fechar os olhos para tudo o que influencia o comportamento dos consumidores em uma escala global. Só devemos cuidar para que toda essa rica informação não se perca, pois os sinais emitidos por um sistema de moda internacional nunca serão compreendidos e nem referendados por todos os consumidores”, alerta o estilista Walter Rodrigues. Walter ainda explica que nossa própria cultura pode servir como mote: “O que buscamos é enfatizar nossa riqueza cultural advinda de nossa miscigenação e geografia, criando cenários para pesquisas que envolvam nossos sentimentos de pertencer ao lugar, de experiências vividas e de nossas ações no cotidiano, buscando assim inspirar as pessoas a olharem a seu entorno e de lá retirar subsídios para suas coleções, fortalecendo o argumento, que utilizará as emoções como ponto de partida, tornando a história da criação dos produtos verdadeira”. Cristine Kopschina, coordenadora de eventos da Abicalçados, afirma ainda que a criatividade está no DNA do brasileiro: “Temos fontes riquíssimas de inspirações, como a natureza exuberante e a multiculturalidade. Temos uma cadeia produtiva completa e cada vez mais instituições de ensino olhando para a moda, formando profissionais focados nessa indústria”. Algumas iniciativas têm promovido no país esse exercício de buscar o novo. É o caso do Fórum de Tendências e do Inspiramais, realizados pela Assintecal (Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos), e do +B Inspiração Brasil, livro criado pela Abest, exclusivamente baseado na iconografia, etnografia, nas artes e nos demais repertórios culturais brasileiros, e cujo objetivo é inspirar a criação de moda com base em referências internas. Walter Rodrigues, que também atua como coordenador de design da Assintecal e participa ativamente de eventos como o Inspiramais, diz que a cada edição do evento, diante de convidados internacionais que visitam o Salão, é notável que o trabalho manual encanta de modo expressivo: “O fazer manual está mais valorizado. Com a mecanização das indústrias e a necessidade de produzir muito mais em menos tempo, o ‘fazer artístico’ está sendo diluído, deixando de lado a assinatura e partindo para um volume em que preço e rapidez inviabilizam um olhar mais artístico”. Ele explica que esse encantamento deve ser percebido e é preciso preservar as maneiras de fazer, sem prejudicar os negócios. “Temos que buscar soluções industriais que não interfiram na essência do produto, deixando-o sempre com este charme artesanal”. E a pergunta que não quer calar: valorizar a essência nacional e criar um produto autêntico reflete de maneira positiva nas vendas? A Usaflex, indústria de calçados há 14 anos no mercado, garante que sim. Segundo a diretora de marketing da empresa, Simone Kóhlrausch, a empresa segue em parte o que se faz lá fora, para não perder a referência conceitual da moda mundial, “mas a adaptação chega a mais de 60% para as exigências das brasileiras, que não gostam de usar construções extravagantes, mas produtos confortáveis”. Graças a isso, garante que a empresa está crescendo cerca de 30% por ano. “Nossa exportação é pequena, mas só não vendemos mais por falta de capacidade produtiva”, diz. Já Ilse Guimarães, superintendente da Assintecal, lembra que o ano de 2011 foi marcado por desafios, principalmente para o setor de componentes para couro, calçados e artefatos. Mesmo com o quadro de instabilidade econômica internacional, no entanto, a cadeia produtiva da indústria coureiro-calçadista encerrou o ano com o balanço positivo. Segundo dados do Sisinfo (Sistema de Informações da Assintecal), em 2011, as exportações de componentes atingiram US$ 1,130 bilhões, o que garantiu um aumento de 3,39% em comparação ao resultado do mesmo período em 2010. Para os próximos anos, a expectativa é de maior crescimento e, principalmente, apoio do governo para que isso aconteça. “A sobretaxa imposta pelo Brasil aos calçados importados da China preservou nosso mercado em um momento em que o dólar baixo nos deixaria mais expostos à entrada de produtos asiáticos. Agora, esperamos que a medida seja válida aos outros países da região. Apenas assim poderemos combater a ‘triangulação’ imposta, em que as fábricas chinesas transferem sua produção para outros locais, burlando a legislação”, explica Ilse. * Esta matéria foi publicada na editoria Negócios da Revista UseFashion de março de 2012.